Durante 21 anos, entre 1891 e 1912, o barão do Rio Branco (José Maria da Silva Paranhos Júnior) pesquisou e publicou, no Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, suas Efemérides Brasileiras, reunidas após a sua morte num volume de mil páginas. Advogado, diplomata, geógrafo, professor, jornalista e historiador, o barão foi fecundo.
De sua vasta obra, das efemérides (publicadas em dois volumes pelo Ministério das Relações Exteriores), extraí seus registros sobre a história do Pará no período dos “motins políticos”, entre 1821 e 1840. Ordenando os verbetes e os ajustando para uma leitura mais corrente, sem fazer qualquer alteração no texto (exceto para corrigir erros de impressão), montei uma boa cronologia da cabanagem, nas suas origens, eclosão, desenvolvimento e fim.
Além da sequência por data, as observações do barão permitem identificar a visão do Rio de Janeiro, a capital do império, a partir das observações de um dos mais brilhantes intelectuais e políticos do período. Paranhos nasceu cinco anos depois que o imperador Pedro II anistiou os cabanos.
CRONOLOGIA
1821 [1º de janeiro] — Adesão do Pará à revolução do Porto para o estabelecimento do governo constitucional.
1823 [14 de abril] — Revolta na cidade de Belém do Pará a favor da Independência do Brasil. Os sublevados, dirigidos pelo major Boaventura Ferreira da Silva, dispersaram-se, não achando apoio na maior parte da guarnição. Entre os paisanos, então presos, contava-se o jovem Bernardo de Sousa Franco, depois senador do Império e ministro.
1835 [7 de janeiro] — Insurreição na cidade de Belém do Pará. Os insurgentes assassinaram o presidente da província, Bernardo Lobo de Sousa, o comandante das armas, coronel Joaquim José da Silva Santiago, e o chefe da estação naval, capitão de fragata James Inglis. Foram aclamados: presidente, Félix Antonio Clemente Malcher; e comandante das armas, Francisco Pedro Vinagre.
Começou assim a Guerra Civil chamada dos Cabanos. A insurreição só ficou de todo vencida em fins de 1836, excetuada a comarca do Rio Negro, depois província do Amazonas, onde os Cabanos só depuseram as armas em princípios de 1840.
O coronel Santiago distinguira-se durante a Guerra da Independência, na Bahia; e, como comandante das armas de Pernambuco, de 9 de março de 1332 a 16 de novembro do ano seguinte, dirigira as forças em operações contra os Cabanos.
O capitão de fragata James Inglis, pardo da Jamaica, servia na nossa Marinha desde 28 de julho de 1823. Era, talvez, o melhor marinheiro que então tínhamos e foi dos mais intrépidos comandantes durante a guerra de 1826 a 1828, distinguindo-se em muitos combates e tomando os corsários argentinos Niger e Feliz.
O almirante barão do Rio da Prata, em ofício no 336, escreveu o seguinte sobre Inglis: “O Caboclo (brigue comandado por Inglis) foi, no tempo de Grenfell, açoite dos inimigos, no bloqueio, e não tem sido menos no tempo do atual comandante, em todo o sentido perfeitíssimo oficial. É sempre o primeiro e quem tira os melhores resultados; e é tal a opinião geral, que nem os seus camaradas se declaram êmulos. São tantas as ocasiões em que este homem se tem distinguido que me obrigaram a despachá-lo capitão de fragata; embora fosse capitão-tenente há pouco, ele tem-no ganhado em guerra ativa e sem deixar nunca duvidosa a sua honra, valor e inteligência.”
1823 [11 de agosto] — Reconhecimento da Independência e do Império na cidade de Belém do Pará.
1823 [29 de agosto] —O comandante Grenfell chega à barra do Pará com o brigue Maranhão e envia à junta do governo ofícios do almirante lorde Cochrane.
1823 [15 de outubro] — Sublevação militar e popular em Belém do Pará. A tropa levanta-se à noite contra os seus oficiais e, reforçada por muitos desordeiros, depõe o presidente da junta de governo, Geraldo José de Abreu, aclamando presidente o cônego Gonçalves Campos. Depois, soldados e homens do povo, dirigidos por um cadete e um músico, começaram a arrombar e a saquear casas e lojas de portugueses. O saque e os assassinatos continuaram no dia seguinte.
1823 [16 de outubro] — Continuam os saques e assassinatos em Belém do Pará, começados na noite de 15. O capitão-tenente John Pascoe Grenfell (não Greenfel, como se tem escrito) desembarca, na noite deste dia, com um corpo de marinheiros. As milícias e muitos habitantes armados reúnem-se a Grenfell, que assim consegue, no dia seguinte, restabelecer a ordem e desarmar os soldados dos três regimentos de infantaria de linha, e de cavalaria e artilharia.
1823 [17 de outubro] — O capitão-tenente Grenfell, depois de aprisionar e desarmar os soldados e paisanos que praticaram roubos e assassinatos em Belém do Pará, manda fuzilar cinco desses bandidos (dois sargentos, dois soldados e um paisano). O cônego Gonçalves Campos, considerado instigador do levante da tropa, no dia 15 esteve a ponto de ser executado também, mas Grenfell o remeteu preso para o Rio de Janeiro.
A junta de governo dissolveu no mesmo dia os corpos de linha (três regimentos de infantaria, um corpo de cavalaria e outro de artilharia), organizou com os soldados que não haviam tomado parte nas desordens o regimento imperial e reforçou os corpos de milícias com muitos cidadãos armados, que se apresentaram voluntariamente
1823 — Neste dia [20 de outubro], o capitão-tenente Grenfell remeteu para bordo do brigue Diligente, depois Palhaço, fundeado diante do Pará, 256 soldados e paisanos dos que figuraram nos roubos e nos assassinatos dos dias 15 e 16. Grenfell, procedendo assim, cumpriu a requisição feita pela junta de governo do Pará, no ofício seguinte:
“Ilustríssimo senhor, as prisões da cadeia estão cheias com os celerados dos dias 15 e 16 do corrente; e, além de não caberem mais, exigem um grande número de milicianos para os guardar; as outras prisões são fracas e cedem à força: portanto, lembra-se a junta provisória que o brigue Diligente sirva de presiganga, para onde se passem os presos que, com uma pequena guarda, se podem conter, ficando aquele navio entre os de guerra. Deus guarde a vossa senhoria. Pará, no palácio imperial, 18 de outubro de 1823.
Ilustre senhor John Pascoe Grenfell (assinados os membros da junta: Geraldo José de Abreu, presidente; José Ribeiro Guimarães, secretário; João Henriques de Mattos e Felix Antonio Clemente Malcher).”
Os presos foram postos no porão do Diligente e confiados à guarda de um destacamento de marinheiros, sob o comando do segundo-tenente Joaquim Lúcio de Araújo. À noite, devorados de sede, tentaram subir para o convés; o tenente Lúcio de Araújo os repeliu e mandou fechar as escotilhas. No dia seguinte, sendo estas abertas, verificou-se que tinham perecido 254 presos, que apenas quatro respiravam e que destes, só um poderia ser salvo.
Em ofício de 23 de outubro, dizia a junta ao ministro do Império, José Bonifácio: “[…] De noite, amotinaram-se, quiseram forçar as [* Hoje, Marechal Deodoro, AL. (N.E.)] escotilhas, o que obrigou a guarnição a dar-lhes uma descarga, em que, com o mais extraordinário frenesi, lançando-se uns contra os outros, se esganaram e afogaram, escapando somente quatro, como consta do auto de corpo de delito e da devassa a que por semelhante respeito se procedeu. A tropa restante continua a estar desarmada, nem podemos por ora ter confiança nela; o serviço da praça é feito por milícias, e as rondas noturnas por cidadãos armados. O capitão-tenente Grenfell, comandante do brigue Maranhão, tem, com a força de mar, contribuído muito para a segurança e defesa da cidade, e podemos afirmar que, sem a sua cooperação, esta cidade estaria reduzida a um montão de ruínas. Tão relevantes serviços tem a junta provisória a honra de rogar a vossa excelência seja servido levar ao conhecimento de sua majestade.”
Ao capitão-tenente Grenfell nenhuma responsabilidade poderia caber pela desgraça ocorrida a bordo do Diligente; entretanto, quando chegou ao Rio de Janeiro, conduzindo a fragata Imperatriz, foi submetido a Conselho de Guerra. Só depois de absolvido em última instância (19 de abril de 1826) foi Grenfell promovido a capitão de fragata (8 de maio) pelos distintos serviços prestados na Guerra da Independência. Meses depois, perdia um braço, batendo-se pelo Brasil no rio da Prata (30 de julho de 1826), e por serviços posteriores conquistava um dos maiores nomes da nossa história naval.
1831 [7 de agosto] — Sedição militar em Belém do Pará. O presidente visconde de Goiana é deposto e deportado, e outros cidadãos são remetidos presos para vários pontos da província.
1832 [12 de abril] — Sedição militar na Barra do Rio Negro (depois Manaus), na qual é assassinado o coronel Joaquim Filipe dos Reis, comandante militar da comarca
1833 [16 de abril] — Combate nas ruas da cidade de Belém do Pará, ficando vencedor o partido que se opunha à posse do presidente Mariani e do comandante das armas, Correia de Vasconcelos, nomeados pela regência. O coronel Machado de Oliveira, que era apoiado por aquele partido, continuou no governo da província
1834 [25 de outubro] — A expedição que subia o Acará desaloja os insurgentes emboscados em Guaiabal sob o comando de Francisco Vinagre. Compunha-se do brigue Cacique, da escuna Bela Maria e de três lanchões artilhados, sob o comando do capitão de fragata Inglis, e de cerca de 300 homens comandados pelo coronel Manuel Sebastião Marinho Falcão. O coronel foi morto neste combate.
1834 [27 de outubro] — Durante a noite, os insurgentes do Pará fazem fogo sobre os navios do capitão de fragata Inglis, que subiam o Acará. Houve alguns mortos e feridos a bordo. O fogo dos navios afugentou em pouco tempo os insurgentes.
1835 [19 de fevereiro] — Rompimento de Francisco Pedro Vinagre, comandante das armas do Pará, contra o presidente Felix Antônio Clemente Malcher. Eram as duas autoridades aclamadas depois da sedição de 7 de janeiro (ver essa data), que começara pelo assassinato do presidente Lobo de Sousa, do comandante das armas Silva Santiago e do chefe da estação naval, capitão de fragata Inglis, distintíssimos oficiais.
Com os sediciosos estava o primeiro-tenente Germano Aranha, que muito influiu para que os seus camaradas da marinha reconhecessem os fatos consumados e a autoridade dos dois caudilhos. Informado Francisco Vinagre de que Malcher tencionava prendê-lo, dirigiu-se, na manhã deste dia, para o Arsenal de Guerra, e aí pode repelir o ataque de 300 homens, que contra ele foram enviados.
Derrotados os assaltantes, Vinagre os perseguiu até o Castelo, onde Malcher se refugiou, com os seus partidários. As forças de que dispunha Francisco Vinagre, engrossadas por muitos homens do povo, cercaram esse forte e o Hospital Militar, ocupando o Seminário Episcopal e as casas vizinhas.
Por ordem de Malcher, o primeiro-tenente José Eduardo Wandenkolk, que exercia o cargo de capitão do porto e comandava interinamente a estação naval, rompeu o fogo contra o Arsenal de Guerra, o palácio do Bispo, o Seminário e outros edifícios ocupados pelas forças de Vinagre. Wandenkolk conservou-se a bordo da corveta Defensora, comandada por seu irmão, o primeiro-tenente João Maria Wandenkolk.
Além desse, sustentaram o fogo durante todo o dia os seguintes navios: brigue Cacique (primeiro-tenente Lopes da Silva), escuna Bela Maria (segundo-tenente Secundino Gomensoro), escuna Alcântara, barca Independência (primeiro-tenente J. T. Sabino) e iate Mundurucu (primeiro-tenente F. de Borja).
Que espetáculo triste e revoltante (disse o então primeiro-tenente Oliveira Figueiredo) era ver uns poucos navios de guerra brasileiros despejarem sem piedade, sobre uma cidade também brasileira, suas artilharias, por ordem e com o fim de sustentar na presidência a um criminoso, chefe dos sediciosos assassinos de 7 de janeiro! (Depoimento, em 25 de julho de 1835, perante o Conselho de Investigação.)
À noite, Malcher retirou-se para bordo da esquadra, deixando a defesa do Castelo entregue ao primeiro-tenente da armada, Antônio Maximiano da Costa Cabedo.
1835 [20 de fevereiro] — Continua o combate, em Belém do Pará, entre os partidários de Francisco Vinagre e os de Malcher (ver o dia anterior). A esquadra recomeçou, pela madrugada, o fogo, que suspendera na noite anterior.
1835 [21 de fevereiro] — Toma posse do cargo de presidente da província do Pará Francisco Pedro Vinagre.
1835 [12 de maio] — Por ordem do presidente do Pará, Ângelo Custódio Correia, que estava a bordo da fragata Imperatriz, foi atacada neste dia a cidade de Belém, dominada por Francisco Vinagre. A esquadra respondeu ao fogo começado pelos insurgentes, forçando-os a desamparar as fortificações. Desembarcaram então marinheiros, guardas nacionais e voluntários, ao mando do major Carneiro.
Os marinheiros, dirigidos pelo primeiro-tenente Morais e Vale (Rafael) e pelos segundos-tenentes Elisiário dos Santos e Ferreira da Veiga, levaram de vencida os contrários, mas, não sendo apoiados pelos guardas nacionais, tiveram de retirar-se. A expedição reembarcou em desordem e, havendo recomeçado o fogo de artilharia de terra, o vice-presidente ordenou que a esquadra fosse fundear na baía de Santo Antônio. A Marinha teve 62 homens fora de combate e os guardas nacionais e voluntários 16 mortos e feridos, sem contar os afogados.
1835 [25 de junho] — Desembarque do general Manuel Jorge Rodrigues (depois barão de Taquari) em Belém do Pará.
1835 [14 de agosto] — Nas ruas da cidade de Belém começa, neste dia, e termina na noite de 22 para 23, um dos mais renhidos combates da Guerra Civil Paraense. Pelas 10h, a cidade foi invadida por 2.987 Cabanos, dirigidos por Antônio Vinagre. O presidente da província, general Manuel Jorge Rodrigues, dispunha de uns mil homens de tropa e de marinhagem, além de 400 paisanos armados, que acabava de reunir (voluntários nacionais). Duas corvetas estrangeiras (inglesa e portuguesa) desembarcaram parte de suas guarnições e auxiliaram a defesa.
Os Cabanos entrincheiram-se em várias casas, interceptando a comunicação entre Arsenal e Palácio, posições ocupadas pelos legalistas. Neste primeiro dia, o fogo durou das 10h às 18h. Foi tomada uma peça aos Cabanos (ver os dias seguintes até 23).
1835 [15 de agosto] — Continua durante o dia o combate começado na véspera, nas ruas de Belém do Pará
1835 [16 de agosto] — Continua em Belém do Pará o combate começado no dia 14. Às 4h30, os Cabanos lançam-se ao ataque do arsenal, e trava-se aí furiosa peleja por mais de três horas. Ao amanhecer, as fragatas Campistas e Imperatriz, e as corvetas Regeneração, Racehorse (inglesa) e Elisa (portuguesa) varreram os dois flancos do arsenal e reduziram a ruínas as casas vizinhas.
Só então, tendo sofrido enormes perdas, os Cabanos desistiram do ataque dessa posição, indo bater-se, com o mesmo arrojo, em outros pontos da cidade ocupados pelos seus. O fogo durou o dia inteiro.
1835 [17 de agosto] — Quarto dia de combate em Belém do Pará. Os legalistas já tinham mais de 250 mortos e feridos, sendo muito maior a perda dos Cabanos, mas estes recebiam, quase todos os dias, reforços. Antônio Vinagre foi morto, e Eduardo Angelim assumiu o comando. Este caudilho, natural do Ceará, contava então 23 anos. “Muito bravo, mas muito malvado”, dizia dele o chefe Taylor.
1835 [18 de agosto] — Quinto dia de combate nas ruas de Belém do Pará.
1835 [19 de agosto] — Sexto dia de combate na cidade de Belém do Pará
1835 [20 de agosto] — Sétimo dia de combate na cidade de Belém do Pará.
1835 [21 de agosto] — Oitavo dia de combate na cidade de Belém do Pará
1835 [22 de agosto] — Nono e último dia de combate na cidade de Belém do Pará. Os Cabanos iam ganhando terreno, conquistando casas e já estavam perto do palácio. O general Rodrigues, tendo sofrido grandes perdas, anunciou ao chefe Taylor que estava resolvido a abandonar a capital durante a noite, passando-se para a esquadra. Taylor e o comandante da corveta inglesa foram pessoalmente dirigir o embarque da “valorosa guarnição do Trem (arsenal), que três vezes repeliu o inimigo”.
Às 3h, os restos da força governista estavam embarcados, estando inutilizadas as munições e tudo quanto foi possível, mas no palácio do governo ficaram seis peças abandonadas ao inimigo (ver 23 de agosto). A perda na tropa e marinhagem, incluindo a que tiveram os ingleses e portugueses, andou por uns 400 a 500 mortos e feridos nos nove dias de combate. A dos Cabanos foi, provavelmente, muito superior.
1836 [14 de julho] — Tomada do Almeirim (Pará) pelas forças do governo.
1835 [23 de julho] — Anarquistas do Pará (Cabanos), em número de 800 e dirigidos pelo ex-sargento Portilho, de municipais, atacam e tomam a vila de Vigia, apesar da heroica resistência da Guarda Nacional e dos habitantes, sob o comando do tenente-coronel Raimundo Antônio de Sousa Álvares. Este comandante, um major, três capitães, um alferes e mais de 70 guardas nacionais foram mortos. Os rebeldes assassinaram, depois, quantos habitantes puderam alcançar e saquearam a vila.
1835 — Os insurgentes do Pará atacaram, deste dia [4 de novembro] até 6 de novembro, a povoação de Abaeté. Foram repelidos pelo capitão Luís José de Araújo, da Guarda Nacional, e pelo tenente de caçadores João Luís de Castro. A escuna Bela Maria, de que era comandante o primeiro-tenente Joaquim Manuel de Oliveira Figueiredo, auxiliou a defesa.
1835 [23 de agosto] — Às 3h conclui-se o embarque das tropas governistas que ocupavam o arsenal e o palácio do governo na cidade de Belém do Pará. Ao amanhecer, Eduardo Angelim marchou ao ataque do palácio e, achando-o deserto, correu à praia e abriu fogo sobre a esquadra. Todos os navios de guerra, nacionais e estrangeiros, e os mercantes, abandonaram o porto e foram fundear nas proximidades da fortaleza da Barra.
Os cônsules e quase toda a população branca haviam embarcado. Angelim pôde festejar a sua vitória, e ficou de posse da capital e de quase toda a província. Só no ano seguinte, a 13 de maio, foi expulso de Belém, e a 22 de outubro aprisionado nas cabeceiras do Capim.
1835 [30 de agosto] — Tomada de Abaeté por um corpo de guardas nacionais e voluntários paraenses.
1835 [18 de setembro] — Os Cabanos atacam a vila da Cachoeira, no Arari (ilha de Marajó), e são repelidos pelos majores Lobo d’Anvers e Antônio de Lacerda Chermont (depois visconde de Arari), da Guarda Nacional.
1835 [22 de setembro] — O major Chermont, da Guarda Nacional paraense, é repelido em um ataque que dirigia contra os Cabanos, fortificados perto da vila da Cachoeira (ilha de Marajó).
1836 [20 de outubro]— Eduardo Angelim, caudilho da insurreição paraense, seus irmãos e outros chefes são aprisionados junto à lagoa do Porto Real, nas cabeceiras do rio Capim, pelo capitão Joaquim Francisco de Melo.
1836 [6 de março] — Os Cabanos apoderam-se sem resistência de Manaus. Só a 31 são repelidos daí.
1836 [9 de abril] — O general Andréia e o então capitão de mar e guerra Mariath chegam à ilha de Tatuoca, onde, no dia 11, o primeiro assume a presidência da província do Pará e o governo das armas, e o segundo o comando das forças navais em operações.
1836 [29 de abril] — Tomada de Igarapé-Mirim (Pará) pelo primeiro-tenente Barroso (depois almirante, e barão do Amazonas). Segundo Garcez Palha, esta ação deu-se a 1o de maio.
1836 [5 de maio] — A expedição que subia o rio Guamá (Pará) troca tiros com os insurgentes entrincheirados no engenho Pernambucano.
1836 [7 de maio] — Três escunas, ao mando do primeiro-tenente Francisco de Paula Osório, forçam a passagem do engenho Pernambucano, no Guamá (Pará). No mesmo dia, um corpo de voluntários desembarca e toma o engenho Bom Intento. Durante a noite, o primeiro-tenente Barroso, depois barão de Amazonas, apodera-se de uma gambarra com uma peça, perto da cidade de Belém.
1836 [8 de maio] — Tomada do engenho Pernambuco (Guamá, Pará) pelos legalistas.
1836 [12 de maio] — Tomada do engenho São Domingos, no Capim (Pará), pela expedição do primeiro-tenente Francisco de Paula Osório.
1836 [13 de maio] — Pela manhã, o capitão-tenente Petra de Bittencourt ataca e toma a bateria da Pedreira, no Guamá, defendida pelo caudilho Eduardo Angelim. À tarde, o comandante da esquadra, Mariath, dirige o desembarque, em Belém do Pará, das tropas legalistas comandadas pelo tenente-coronel Sousa. Os insurgentes opõem fraca resistência, retirando-se para os arredores da cidade.
1836 [14 de maio] — Tomada da fazenda da Trafaria, no rio Capim (Pará), pela expedição do primeiro-tenente F. de Paula Osório.
1836 [15 de maio] — Tomada do engenho Taperuçu, no rio Capim (Pará), pela expedição do primeiro-tenente Francisco de Paula Osório.
1836 [26 de junho] — No Acará, o segundo-tenente de Marinha Filipe José Pereira Leal e o ajudante Pedro Ivo Veloso da Silveira perseguem, perto de Turi, um troço de insurgentes do Pará. Leal foi ferido.
1836 [29 de junho] —Combate de Turi-mirim, no qual os insurgentes do Pará, dirigidos por Angelim, foram derrotados pelo tenente-coronel Joaquim José Luís de Sousa.
1836 — Os rebeldes do Pará são repelidos atacando Cametá neste [28 de julho] e nos dias 29 e 31 de julho. A alma de defesa foi o intrépido juiz de paz padre Prudêncio das Mercês Tavares.
1836 [29 de julho] — Segundo ataque dos anarquistas do Pará contra Cametá (ver 28 de julho).
1836 [31 de julho] — Terceiro ataque de Cametá pelos rebeldes (ver 28 de julho).
1836 (1º de agosto] — Tomada de Oeiras (Pará) pelos legalistas. Foi retomada pelos insurgentes 19 dias depois e, pelos legalistas a 20 de setembro.
1836 [9 de agosto] — Um destacamento de marinheiros, voluntários e soldados de linha, sob o comando do segundo-tenente Fernando Gomes Ferreira da Veiga, desembarca defronte à fazenda de Pernambuco, no rio Capim (Pará), e é destroçado pelos Cabanos. Foi morto o segundo-tenente Ferreira da Veiga.
1836 [20 de agosto] — Oeiras, no Pará, cai novamente em poder dos Cabanos (retomada a 20 de setembro).
1836 [31 de agosto] — A vila de Manaus liberta-se dos Cabanos, que a dominavam desde 6 de março. A reação teve por chefes Gregório Nazianzeno da Costa e o capitão da Guarda Nacional João Inácio Rodrigues do Carmo.
1836 [19 de setembro] — Ataque de Oeiras (Pará) pelo primeiro-tenente Carlos Rose, comandante do brigue Brasileiro (cinco peças), tendo às suas ordens, além dos marinheiros, um corpo de tropas, sob o comando do primeiro-tenente de artilharia Higino José Coelho. A posição era defendida por 800 Cabanos (ver o dia seguinte).
1836 [20 de setembro] — Tomada de Oeiras (Pará) pelo primeiro-tenente da Armada Carlos Rose. O combate começou na véspera e nele tiveram os legalistas 20 mortos e 85 feridos.
1837 [12 de julho] — Os anarquistas (Cabanos) do Amazonas são batidos no seu campo entrincheirado de Icuipiranga pelo padre Antônio Manuel Sanches de Brito.
1838 [6 de agosto] — É assassinado na Barra do Rio Negro (Manaus) o governador militar Antônio Aires Bararuiá.
1839 [30 de janeiro] — Uma expedição, acompanhada pelo primeiro-tenente da Armada Lourenço da Silva Araújo Amazonas, derrota no Maranhão Grande (no Tapajós?) os insurgentes da então comarca do Rio Negro. Sobre este feito de armas só conhecemos a rápida menção que dele faz o mesmo oficial, no seu Dicionário topográfico, histórico e descritivo da comarca do Alto Amazonas, à página 281.
1840 [28 de março] — Os Cabanos submetem-se na vila de Luséia (Maués), entregando as armas
1840 [22 de agosto] — Decreto de anistia e proclamação do imperador dom Pedro II dirigidos aos brasileiros que estavam em armas contra a autoridade legal.