No dia da eclosão da cabanagem

Joaquim Manoel de Oliveira Figueiredo, comandante de escuna, despertou em sua casa, às 4 horas da madrugada do dia 7 de janeiro de 1835, “ouvindo tocar rebate”. Como “era do meu dever”, tentou ir para bordo do navio, mas foi preso ao passar às proximidades do quartel dos Municipais Permanentes. No calabouço do quartel, além de outras pessoas, encontrou seis marinheiros da embarcação sob o seu comando, que foram presos quando atracavam o escaler da escuna, no qual faziam a ronda dos navios da alfândega, na ponta de pedras.

No mesmo dia da prisão o comandante não pôde se comunicar com o presidente da província, “pois no calabouço não tinha para isso [escrever] proporções”, só o fazendo no dia seguinte, quando foi transferido para o Estado-Maior do Corpo de Municipais Permanentes, “onde esperava as ordens” do novo presidente, Félix Clemente Malcher.

No ofício que encaminhou no dia 8 ao presidente, Figueiredo, alertava que a escuna “está só com 2 homens a bordo, sem poder, por consequência, fazer o serviço de registros e rondas, e mesmo arriscada, por falta de gente, a não poder evitar qualquer sinistro que lhe possa sobrevir”. Lembrava também que o escaler usado pelos seis marinhos “ficou sem gente alguma na ponta de pedra” e que os marinheiros “não têm sido abonados de rações, e mesmo os 2 que estão a bordo. Não tendo escaler, terão sofrido a mesma falta”.

(Códice 527/1835 – Correspondência de diversos com o governo. Correspondência da Marinha com os presidentes da província e comandantes das forças navais em operação de guerra contra os cabanos)

Deixe um comentário