Os personagens (4)

Geraldo Francisco Nogueira “Gavião”, Cearense, branco, 22 anos marceneiro (carpinteiro). Integrou o primeiro ataque a Belém, seguido pelo de agosto de 1835. Pronunciado pelo juiz de paz de Barcarena como um dos primeiros chefes de Conde, Beja e Barcarena. Pronunciado pelo juiz de paz de Aicaraçu e acusado pelos mesmos crimes nos quais Vinagre e Eduardo foram incursos. E mais em Moju, Guajajrá-Miri, Miritipitinga, Acará, Bujaru e Beja. Foi comandante dos rebeldes do corpo de permanentes, da polícia do ponto do Porto do Sal. Remetido para bordo da corveta Defensora em 30 de outubro de 1836. Passou para a fortaleza da Barra no dia seguinte, de onde saiu em 22 de dezembro do mesmo ano. Recolhido à corveta Amazonas em 6 de abril de 1840.

Geraldo Francisco de Oliveira Vinagre. Branco, casado, 23 anos, carpinteiro (negociante). Nomeado por Eduardo Angelim, quando na presidência da província, como 1º comandante do corpo de guardas municipais permanentes, em 12 de março de 1836. Pronunciado como assassino e tenente-coronel comandante de expedições, participando em todos os crimes cometidos no tempo da rebelião, nos processos do 1º, 2º e 3º distrito de Belém, e no de Bujaru. Preso em 14 de maio de 1836, em Belém, pela força legal. Passou da corveta Regeneração para a corveta Defensora em 16 de junho de 1837. Recolhido à corveta Amazonas em 6 de abril de 1840.

Geraldo do Sacramento Júnior (filho de Lino José). Mulato, 30 anos, solteiro, carpinteiro. Foi administrador da mesa de diversas rendas nacionais no tempo do governo rebelde. Participou do ataque à vila da Vigia. Marchou depois para os matos próximos da capital, a esperar pelos outros rebeldes que, de Oeiras e Muaná, a eles se reuniram para atacar Belém, como o fizeram em 14 de agosto de 1835, dizendo muitas vezes que ele vinha defender sua pátria e extinguir os maçons e os caramurus. Preso em Belém, foi remetido para bordo da corveta Defensora em outubro de 1838. Solto em junho de 1839.

Hilário Antônio. Tapuio, 19 anos, pescador. Participou todas as “revoluções” que irromperam em Belém. Sua posição foi sempre no ponto de Santo Antônio. Quando o marechal Jorge Rodrigues ocupou a capital, evadiu-se para o rio Maguari, dali seguindo para a tomada da Vigia, onde matou, roubou. Voltou para o Maguari, saqueando “imensos sítios”, reunido com outros cabanos que estavam no engenho de Benjamin. Atacou de novo Belém, onde “executou horrorosos crimes”. Foi para bordo da corveta Defensora em setembro de 1837, onde morreu em março de 1838.

Inácio José Vieira (“Sapo”). Do Rio de Janeiro, pardo, 62 anos, lavrador. Foi feito capitão do exército dos rebeldes por Eduardo Angelim. Acusado de ter reunido muita gente nas cabeceiras do rio Miritipitanga contra a legalidade. Teria influído na mortandade de trinta e tantas pessoas na fazenda de Sto. Antônio, “sendo sempre o pregador da desordem e assassinatos”. Permaneceu como capitão no Ponto da Fazenda, de Félix Soares. Preso em agosto de 1836, no Acará, pelo comandante da escuna 2 de março, foi levado logo em seguida para bordo da corveta Defensora, onde morreu, em novembro.

Jerônimo Roberto da Costa Pimentel (padre). Paraense, branco, 33 anos, vigário colado da freguesia de Abaeté. Considerado como agente de “uma nova conspiração contra o governo legal”, foi mantido “em lugar seguro sem ferros (salvo se seu procedimento isso exigir)”. Remetido para bordo da corveta Defensora em 25 de janeiro de 1838. Solto menos de um mês depois, em 14 de fevereiro.

João Antônio Moreira Claro, português, branco, de 24 anos, que era caixeiro de José Romão de Ávila. Ignorou a proibição e vendia pólvora aos cabanos. Preso em Belém, foi enviado para bordo da corveta Defensora em 3 de janeiro de 1837, com a orientação de que devia “ser carregado de ferros no porão” por ser considerado falsário da nação brasileira. Foi solto 18 dias depois.

João Antônio de Oliveira. Soldado desertor do extinto 3º regimento de linha ligeira 5º batalhão de caçadores. Foi considerado o autor do plano para a morte do ex-presidente Lobo de Souza, Marchou contra Belém em companhia de Antônio Vinagre, “roubou e matou quanto pôde”. Preso em Itapicuru pelo ajudante do 5º batalhão de caçadores Francisco Vitorino Xavier de Brito. Remetido para bordo da corveta Defensora em agosto de 1838. Por portaria de 14 de novembro do mesmo ano, “ficou em paisano”. Morreu no hospital dos bexigosos em abril de 1839.

João Bernardo. Paraense, mulato livre, 30 anos, lavrador. Preso em 6 de agosto de 1836 no Acará pelo comandante da escuna 2 de Março. Foi para bordo da corveta Defensora em 20 de agosto de 1836. Participou da preparação e da execução do ataque a Belém em agosto de 1835. Depois voltou ao distrito de Igarapé-Açu, onde se constituiu comandante, “pregando a desordem, influindo para o roubo e assassínio, armando escravos alheios com violência e levando-os para sua casa, roubando as fazendas dos moradores e conduzindo-as para o ponto do Eduardo [Angelim] em Turá, e assassinando o preto Vicente, escravo da viúva de Bartolomeu Dias Guerreiro”. Preso em 6 de agosto de 1836 no Acará, foi para bordo da corveta Defensora em agosto de 1836. Um ano depois, em abril de 1837 foi para o Arsenal, incorporado aos trabalhos públicos.

João Ferreira Touguinho. Paraense, branco, 17 anos, lavrador. Quando foi preso, em agosto de 1836, em Belém, estava com disposição de embarcar para a América. Foi preso à noite, na casa de Vitorino de Figueiredo Vasconcelos, seguindo para bordo da corveta Defensora. Foi solto em março de 1837.

João Francisco Ferreira. Paraense, índio, 24 anos, lavrador. Participou do ataque a Belém em 7 de janeiro de 1835. Esteve no fogo do Castelo. Fez fogo contra a fragata Imperatriz em maio e voltou para o rio Maguari, de onde foi com outros para a tomada da Vigia, onde roubou e matou e dali veio roubar a fazenda de Manoel Gomes Ribeiro, matando o gado e insultando a família. Foi no igarapé Mutui assassinar Joaquim Gomes Ribeiro, marchou para o engenho do Benjamin a reunir-se a outros rebeldes, comandados por Antônio Pedro Vinagre e Portilho, e dali marchou para o ataque da cidade em agosto do mesmo ano. Preso pelo juiz de paz do Maguari e remetido para bordo da corveta Defensora em junho de 1837, na qual morreu quatro meses depois.

João Francisco Do Nascimento. Mulato, carpinteiro. Andou reunindo gente pelos distritos de Jurujaia, Jabalicacá e Cranatuba, para formar um ponto de rebeldes, sendo ele o comandante na freguesia de São Domingos da Boa Vista. Mandou assassinar o juiz de paz Domingos Correia Mendes, que se achava em um ponto legal, onde também foram assassinados seis legais. Foi pessoalmente, com outros cabanos roubar as casas de D. Antônio de Souza e D. Catarina de Sá, agredidas com palmatória, fazendo muitos outros roubos. Mandou também seu irmão Matias assassinar o português José Rodrigues da Silva, na fazenda do padre cura da Sé. Preso pelo comandante militar do distrito do Capim. Remetido para bordo da corveta Defensora em setembro de 1838. Solto em novembro de 1838.

João Francisco Sardeira. Espanhol, branco, 32 anos, comerciante. Por ter comprado objetos furtados por alguns rebeldes. Preso em 3 de setembro de 1836. Em Belém, por ordem do presidente. Um mês depois foi para a Defensora. No dia 21 foi solto.

João Manoel Rodrigues. Paraense, pardo, 25 anos, guarda municipal. Tenente-coronel comandante da artilharia rebelde em Belém. “Fez-se célebre na revolução pelas maldades que praticou, e são notórias”. Preso em setembro de 1836, em Joanes. Faleceu a bordo da corveta Defensora no mês seguinte.

João Maria. Paraense, cafuz, 40 anos, lavrador. Morador do rio Jambu-Açu, pertencia à “quadrilha devastadora” de Félix Mendes; roubou e assassinou Manoel de Assunção no rio Bahá. Foi preso em Belém por requisição do comandante militar do Moju. Remetido para bordo da corveta Defensora em abril de 1838, faleceu no hospital de São José em março de 1839.

João Mendes (“Fragata”). Paraense, pardo, 25 anos, lavrador. Distinguiu-se no distrito de Bujaru, “onde proferiu que só ele havia de beber o sangue de todos os brancos e maçons, e que, como comandante, reduziria a cinzas quem se opusesse aos seus atos”.  Foi cruel assassino do juiz de paz de São Domingos, Domingos Antônio Correa, e de outros que consta foram vítimas de sua brutal vingança. Preso em 1836, em Bujaru. Remetido para bordo da corveta Defensora em 27 de outubro de 1836, morrendo no mesmo dia.

Personagens (3)

Diógenes Thomaz Guilherme. Do Rio de Janeiro, branco, 37 anos, negociante. Apontado como escrivão de Eduardo Angelim no Acará, onde foi preso, em 1836. Permaneceu na corveta Defensora de setembro de 1836 a agosto de 1838, quando foi solto.

Dionísio Ferreira da Costa. Banco, 22 anos, pintor. Preso em Belém pelo alferes Afonso de Albuquerque e Melo. Pelos relevantes serviços que prestou ao movimento, foi elevado ao posto de major e comandante do fortim, onde esteve até a entrada da força legal. Preso em Belém, foi remetido para bordo da corveta Defensora em julho de 1837. Morreu no Hospital Geral Militar em julho de 1838.

Domingos Antônio. Denunciado como o assassino de um capitão de fragata inglês. Por esse serviço é que teria sido promovido a olheiro da alfândega. Quando foi preso, achou-se em sua casa gêneros roubados nas lojas da cidade e documentos que evidenciariam ter sido comandante do ponto do Benjamim e prestado relevantes serviços aos rebeldes. Preso em 14 de setembro de 1836, em Monforte. Faleceu ao desembarcar no porto de Belém.

Domingos Congo. Africano, preto, de 40 anos, foi preso na fazenda de sua senhora por uma patrulha de Jaguarari. Era escravo de Luiza de Vasconcelos quando se desligou da fazenda e se juntou aos rebeldes. Teria se tornado um condutor das armas e munições para Antônio Clemente Malcher e Lavor Papagaio. Preso, foi remetido para bordo da Defensora em abril de 1837. Solto cinco meses depois.

Eduardo Francisco Nogueira Angelim. Cearense, branco, 20 anos, casado, proprietário. Na sua ficha de aprisionamento foi anotado: “acusado por seis testemunhas, por ser o primeiro chefe dos que agrediram a capital e dela se apossaram, em agosto de 1835. Cooperou direta e indiretamente para assassínios, roubos, arrombamentos, incêndios, não só na mesma capital como em todos os lugares desta província. Foi acusado pelo juiz de paz de Ourém no depoimento de testemunhas que fez proceder. Acusado também pelo juiz de paz de Barcarena de ter sido o primeiro que fulminou ajuntamento contra as autoridades e pelas mais acima e mais por chefe dos 9 dias de fogo da capital e por ter-se aclamado presidente. (Igualmente processado pelo juiz de paz de Aicaraú, inclusive por testemunhas de vista.)”. Remetido para bordo da corveta Defensora em 30 de outubro de 1836, no dia seguinte foi mandado para a Fortaleza da Barra.

Espínola de Brito Falke. Branco, 20 anos, caixeiro. A denúncia o considera “um dos influentes rebeldes que no dia 7 de janeiro de 1835 entrou na conspiração das assassinadas autoridades legais e que pretendeu assassinar o alferes Alfonso de Albuquerque e Melo. Consta mais que na noite de 6 para 7 de janeiro de 1835 teve em sua casa uma reunião de homens e depois de mortas as autoridades se apresentou armado, comandando uma patrulha, e foi ao Trem para o tomar, andando sempre armado durante as revoluções que se seguiram a 20 e 21 de fevereiro e 18 de maio do ano” de 1836, no qual foi preso pelo alferes Alfonso. Foi para o Arsenal com bexiga em março de 1838. Teve alta dois meses depois e voltou para bordo. Foi seu último registro.

Eugênio Foles. Tratado oficialmente como “celerado”, de Igarapé-Miri, responsável por várias mortes. Seu filho, Ambrósio Henriques Foles, também era cabano, Preso, acabou sendo solto.

Felipe Eurico Xavier. Paraense, branco, 21 anos, solteiro, empregado público, estudante de gramática. Foi remetido para bordo da corveta Defensora em agosto de 1837. No mês seguinte passou para o brigue português Flor do Mar. Até ser mandado para Lisboa, ficou impedido de ir a terra. Seu destino ficou desconhecido.

Felipe Moreira. “No tempo dos cabanos apoderou-se de sete escravos, destruiu muitas roças e mesmo preso na viagem levantou-se com outros querendo se apossar das armas dos guardas que os acompanhavam”. Foi preso em março de 1837, onde morreu em agosto do mesmo ano.

Florêncio Silva Cravo do Amazonas. Paraense, branco, 36 anos, almoxarife. Preso em 1837 por espalhar “doutrinas incendiárias e subversivas” entre os povos do rio Capim, “promovendo ódios contra o chefe da província”.

Em abril de 1838 fugiu da escolta que o levava para audiência com o presidente da província. Foi recapturado e internado no Hospital Geral Militar em maio de 1839. Seis meses depois foi autorizado a curar-se em casa.

Florentino dos Reis. Paraense, pardo, 28 anos. “Rebelde furioso e inquietador do serviço público”. Preso em 1836, morreu no mesmo ano.

Francisco Felisberto. Mulato livre, 20 anos, lavrador.  “Malvado de profissão”, assassinou o português Nicolau de Souza Leão e ameaçou com vergalho e palmatória a família do comandante do destacamento. Preso em maio de 1837, ficou preso na corveta Defensora até ser mandado para Pernambuco, 8 de outubro de 1839.

Francisco Fernandes de Macedo. Branco, 52 anos, capitão reformado de 2ª linha. Preso em outubro de 1836, por ser considerado ajudante de ordens de Vinagre. Em março de 1839 teve alta no hospital e ficou preso no quartel do 5º batalhão de caçadores.

Francisco José da Silva Ramos. Cearense, branco, 25 anos, solteiro, tipógrafo. Acusado de ter sido um dos “furiosos” assassinos do ex-presidente Lobo. Participou da reunião realizada no dia 4 de janeiro de 1835 no engenho de João Pedro Gonçalves Campos, na qual organizaram o ataque a Belém. Conseguira fugir para o Marajó enquanto era feita uma busca na casa de Abaetetuba do arcipreste Batista Campos, seu padrinho, para onde ele e outros levaram cinco “armas da nação”: três pistolas de alcance, um barril e uma lata grande com pólvora. Foi preso em Muaná e remetido para bordo da corveta Defensora em outubro de 1836. Solto em setembro de 1838.

Francisco Pedro Vinagre. Branco, 23 anos, casado, seringueiro. Logo que entrou em Belém com sua tropa de rebeldes no dia 7 de janeiro de 1835, foi até a cadeia soltar os presos, seguindo para os quartéis, onde assassinou os alferes que lá estavam. Armou os presos e com eles foi assassinar as autoridades. Preso em 28 de junho (ou julho) de 1835 (ou 28 de julho de 1835), em Belém, pelo ajudante João de Paula Miranda, por ordem do ex-presidente, Manoel Jorge Rodrigues. A última anotação foi do seu envio para a Fortaleza da Barra em 31 de outubro de 1836.

Francisco Rodrigues dos Santos. Branco, 30 anos, lavrador. Comandou um ataque em Arari a um destacamento de 50 praças. Persuadiu-os a se render dizendo-lhes que nada lhes havia de acontecer; acreditaram e, depois de rendidos, foram desarmados, fechados em um quarto de casa segura e no dia seguinte fuzilados. O juiz de paz João Miguel e mais 12 homens da legalidade conseguiram escapar. Concluído o crime, os cabanos passaram à fazenda de Francisco Manoel Manso Manito, levando tudo que puderam colocar em uma canoa. Preso junho de 1836, no rio Capim. Na última referência estava no Arsenal de Guerra, em novembro de 1839.

Personagens (2)

Baltazar dos Reis Pestana. Tapuio, 40 anos, lavrador. Reuniu gente no igarapé Itapiocana, em outubro de 1834, para atacar de surpresa o 2º comandante da guarda municipal, José Maria Nabuco de Araújo, que Baltazar mesmo assassinou, com mais 6 soldados. Estava preso e foi solto quando ocorreu o ataque de 7 de janeiro de 1835. Acompanhou Eduardo Angelim. Assumindo a chefia do ponto do igarapé Itapiocana, invadiu as fazendas de Joaquim Maciel, proprietário daquele distrito, que assassinaram. Mataram quase todos os proprietários do rio Acará, sua terra natal. Remetido para bordo da corveta Defensora em agosto de 1836, foi para o Hospital Geral e nele morreu em maio de 1839.

Bartolomeu José Vieira Cearense. Cearense, branco, 20 anos, tipógrafo. Declarava-se quem matou o filho do marechal Jorge Rodrigues no dia em que os cabanos entraram em Belém. Participou sob a liderança de Eduardo Angelim do ataque à Vigia. Foi remetido para bordo em agosto de 1838. E solto em novembro de 1839.

Bernardino José da Costa. Índio, 20 anos, lavrador. Forçou Bernardino de Sena Pastana “a passar Carta de Liberdade” de sua escrava. Preso em Belém e mandado para a corveta Defensora em junho de 1836, onde morreu dois meses depois.

Bernardino de Sena. Preto cativo, 59 anos. Foi preso duas vezes. Na primeira, foi solto pelos cabanos e participou do ataque no dia 7 de janeiro de 1835, quando assassinou as autoridades. Foi solto graças a requerimento da sua senhora, Lina Joaquina de Mello a quem foi entregue, em agosto de 1836.

Boaventura José da Conceição. Mameluco, 29 anos, ourives. Teve uma trajetória movimentada e bem original. Preso em Belém quando Antônio Malcher era o presidente da província, em 28 de janeiro de 1835, foi remetido à disposição do presidente de Pernambuco, de onde seguiu para o Rio de Janeiro. Voltou ao Pará em 9 de abril de 1836, sendo novamente preso pelo comandante das forças navais na ilha de Tatuoca. Passou para a corveta Regeneração como grumete em 23 de outubro de 1836.

Bráulio Fernando. Índio, 20 anos, lavrador. Travou combate em Inhangi com tropa do governo legal, na qual morreram três guardas nacionais e um artilheiro do lanchão, e foram feridos 24 homens da tropa. Prendeu o português Antônio Guerra e José Paz, que o próprio Bráulio teria matado, assim como de haver morto artilheiro e o guarda nacional Crispim dos Anjos. Preso por paisanos julho de 1836, em Inhangapi, foi levado para bordo da Defensora, onde morreu, três meses depois.

Camilo José Moreira (Jacaracanga ou Jararaca). Cearense, mulato, solteiro, 41 anos, sem ofício. Um dos participantes da revolta do Acará. A mando de Antônio Malcher e em companhia de Angelim, teria assassinado o 2º comandante dos municipais permanentes, José Maria Nabuco. Foi também um dos que concorreu para o assassínio das primeiras autoridades da província em 7 de janeiro de 1835. Preso em fevereiro desse ano. Remetido da charrua Carioca para bordo da corveta Defensora em julho. Passou para o Arsenal da Marinha em março de 1839, onde trabalhou até agosto desse mesmo ano. A última informação na sua ficha é de que foi recolhido à corveta Amazonas em abril de 1840.

Cândido Antônio. Soldado que desertou do 4º batalhão de 1ª linha e amotinou o destacamento da ilha de Curuá, assassinando o seu comandante, o tenente João Pereira Alves. Tenteou fugir para o “estabelecimento dos franceses”. Foi preso em Macapá e remetido para bordo da corveta Defensora fevereiro de 1838. Em setembro foi entregue à autoridade civil para cumprir sentença.

Cândido José. Piauiense, mestiço, 20 anos, solteiro, soldado do 4º batalhão de 1ª linha. Preso a bordo da corveta Defensora em março de 1838 por crimes que teria praticado na ilha do Curuá. Em julho, foi ao quartel-general responder a conselho de guerra e recolhido ao calabouço do 5º batalhão. Ainda no mesmo mês regressou para bordo depois de ter respondido ao conselho. Foi intimado da sentença “de pena última” proferida em juízo de justiça militar, em agosto. A partir daí o seu destino ficou ignorado.

Cosme Damião de Brito. Filho do administrador da Fazenda Nacional São Lourenço, Luiz Pereira de Brito, que era cabano. Com seu pai, participou dos roubos no rebanho da fazenda, em Soure. Foi preso com uma porção de gado roubado dias depois da estada da expedição na vila, em setembro de 1836. Teria morrido no hospital volante de Soure, um mês depois.

Cristino José Brandão. Cafuz, 30 anos, lavrador. Quando os cabanos tomaram o governo, no tempo do governo intruso, “passou todas as escravas do barão de Jaguarari a chicote e palmatória”. Remetido para bordo da corveta Defensora em março de 1838. Morreu no hospital de S. José em abril de 1839.

Custódio Miguel Arcanjo. Índio, 43 anos, casado, pescador. Comandou o ponto dos rebeldes em Val-de-Cans. Invadiu a fazenda na boca do Una com um grupo de cabanos para tentar seduzir os escravos do coronel João de Araújo Rozo, dono da propriedade, para assassinar o feitor e dois pretos da fazenda, que não quiseram acompanhá-los. Acabou sendo preso por Rozo e enviado para Belém, em junho de 1837. Morreu a bordo da corveta Defensora, em fevereiro do ano seguinte.

Custódio da Vera Cruz. Cafuz, 51 anos, viúvo, ferreiro. Logo depois da entrada dos rebeldes em Belém, foi ao sítio Impaúba, de Maria do Carmo de Barros, que ali estava com mais quatro filhas donzelas. “Desumanamente as passou a palmatória até lhe arrebentarem as mãos, além dos insultos que lhes fez”. Em Belém, praticou assassinatos e roubos, assim como já tinha feito em outro tempo naquele distrito, matando até sua própria mulher. Preso em Belém, foi para a Defensora em agosto de 1836.A última referência foi anotada quando ele seguiu para o hospital de S. José em outubro do mesmo ano.

Personagens (1)

No livro Cabanagem – o massacre, divulguei as fichas de informações sobre quase dois mil cabanos presos pela tropa imperial durante a repressão aos cabanos, entre 1835 e 1840.  Os dados armazenados permitem montar os perfis dos participantes da sangrenta revolta, identificando-os segundo sua idade, local de nascimento, estado civil, trabalho e as informações sobre o seu destino.

Com base nessa fonte, selecionei alguns dos principais cabanos identificados oficialmente pelo governo. Vou publicar esses perfis em capítulos, para conhecimento dos leitores deste blog e para suscitar o interesse dos que desejam aprofundar seu conhecimento a respeito..

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 Alexandre Antônio. Mulato, 19 anos, alfaiate. A denúncia o aponta como “um terrível assassino, companheiro dos Vinagres”. Também como ladrão, porque roubou a casa de Luiz Valente do Couto, levando consigo 700 peças.

Amaro Paulo. Preto, 18 anos, sem ofício. Era o sentinela das famílias brancas que Angelim conduzia. Morreu em 1937, a bordo da corveta Defensora.

Antônio Cândido. Mameluco de 30 anos, era soldado do 5º corpo de caçadores quando desertou para se tornar “um dos exaltados cabanos, pelos crimes”. Assumiu o comando de uma força dos rebeldes que atacou a vila da Vigia em 23 de julho de 1835, matando e roubando. Depois foi para Belém, onde entrou no dia 14 de agosto, atirando contra a tropa do governo legal, praticando “imensos roubos”. Invadiu em seguida o engenho de D. Maria Francisca, no rio Arari, “onde fez muitos estragos e roubos”, matando o morador Manoel do Rosário. Fez o mesmo nos sítios vizinhos, espancando os seus moradores. No ataque seguinte, ao sítio de Henriques José da Silva, no mesmo rio Arari, sofreu um ferimento que o deixou aleijado de uma das pernas. Morreu em junho de 1837, a bordo da corveta Defensora.

Antônio Carbué. De 50 anos. Participou do ataque ao destacamento legal na fazenda Santo Antônio, onde foram mortos o capitão Lourenço Justiniano de Paiva, Manoel Vicente Gonçalves, Antônio Pastana, Joaquim Dias Guerreiro e outros cidadãos que estavam no local.

Antônio Faustino. Tornou-se comandante militar da Vila da Vigia quando começou a revolta e aí enfrentou o 1º batalhão de brigada de Pernambuco. Também foi major e comandante do forte de Santo Antônio, em Belém. Nessa condição, teria assinado uma das mensagens que Eduardo Angelim dirigiu a Andréa, quando o brigadeiro estava em Arapiranga. Foi acusado de roubar casas e lojas em Belém e de ter cometido outros delitos junto com os cabanos. Morreu, em maio de 1937 a bordo da corveta.

Antônio Manoel Gonçalves Meninea. Branco, 29 anos, professor de primeiras letras. Era ajudante de ordens do Vinagre. Preso em julho de 1835, em Belém. Um ano depois foi levado para bordo da corveta Defensora. Em dezembro de 1839 foi para a cadeia pública.

Antônio Joaquim. Tapuio de 20 anos, carpinteiro, que serviu de ordenança a Eduardo Angelim, com o posto de sargento. Morreu a bordo da corveta Defensora em fevereiro de 1838.

Antônio Jorge. Pardo, 30 anos, lavrador. Sua ficha diz que ele era “sócio de Agostinho Moreira e um dos seus confidentes, por ser muito influente nos roubos, incêndios e assassínios que se praticaram naquele tempo do dito Moreira”. A mando do seu chefe Moreira, Antônio e seu grupo foram à toca do rio Bujaru esperar o correio, que vinha de Tatuoca com armamento e munições e o atacaram fortemente, tomando a canoa e parte das munições de guerra e toda carga. O mesmo grupo bateu um destacamento legal de 30 praças, matando sete homens, roubando seus “trastes de ouro”. Ele teria fuzilado o Tenente Felipe Jaques de Almeida, o Capitão Domingos e outros que foram também assassinados dentro do batelão dos Miranda, que estava no Guamá. Foi preso no distrito do rio Capim, pelo comandante geral Francisco Manso Metelo. Morreu na corveta Defensora 70 dias depois de chegar a bordo, em setembro de 1836.

Antônio José Francisco Leitão. Tapuio sem ofício, tido como “chefe do cabanismo” em Almeirim e por ser um dos sublevados da escuna Guajará, onde assassinaram o 2º tenente comandante Souza Foi preso em Gurupá, em 1838.

Antônio José de Santana. Mulato, lavrador. Era um dos cabanos que conduzia gado do Marajó para Eduardo Angelim em Belém. Foi preso em Soure, levado para bordo da corveta Defensora e depois para o hospital, de onde fugiu com o sentinela, em outubro de 1836.

Antônio Leal. Índio, de 30 anos, lavrador. Na ficha de prisão consta que se reuniu a outros rebeldes “em todos os ajuntamentos para praticarem todas as maldades e barbaridades que se tem cometido nesta Província, desde os acontecimentos de 8 de outubro de 1834 no Acará”. Andou à cata de José Ribeiro de Souza para assassiná-lo. Com esse intento, se uniu, em abril de 1835, a Geraldo Francisco Nogueira, irmão de Angelim. Não encontrando Ribeiro, teria assassinado seu amigo, Crispim José d’Oliveira, em sua própria casa, “reduzindo-o a pedaços ainda semivivo”. Em agosto, participou do ataque e do saque a Belém. Quando as tropas de Andréa entraram na cidade, foi se apresentar ao comandante do rio Acará, “que o despediu em paz, depois de que, em pleno dia, na Fonte da Freguesia do mesmo Acará, a 21 do corrente agosto, ameaçou tirar a vida ao mencionado José Ribeiro de Souza”. Foi preso em agosto de 1836, enviado para a Defensora e em seguida para o hospital. Ignora-se qual o seu destino.

Antônio Manoel Sanches de Brito (padre). Pronunciado pelo crime de intentar o assassínio do presidente da província. Remetido para bordo da corveta Defensora em janeiro de 1839, para ser conservado “em camarote da coberta, e incomunicável”. Em abril desse ano foi levado ao tribunal do júri, ficando na cadeia à disposição do juiz de direito do crime da comarca de Belém.

Antônio de Melo Garcia (“Estrela do Norte”). Branco, 35 anos, escrivão do crime. Ex-major da extinta Guarda Nacional de Santarém, liderou a rebelião na vila. À frente dos guardas nacionais, que aclamaram o “capataz” Eduardo Angelim presidente da província, “angariando os povos para a revolta, sendo móvel de todas as desgraças que sofreram as famílias honestas daquela vila, que reclamavam a prisão deste algoz da humanidade”. Preso na Prainha pelo capitão Raimundo Joaquim Pantoja. Foi remetido para bordo da corveta Defensora em dezembro de 1836. Andou pelo hospital e a cadeia pública de Belém. Foi solto em dezembro de 1839.

Antônio dos Santos Vasques. Português, branco, 22 anos, caixeiro. Foi caixeiro de José Agostinho do Acará. Chegou a Belém quando Eduardo Angelim assumiu a presidência da província. Por saber escrever, tornou-se seu ajudante de ordens. Foi também tenente da 1ª companhia de guardas nacionais dos rebeldes. Remetido para bordo da Defensora em dezembro de 1836. Foi desembarcado dois anos depois, em setembro de 1838, entregue ao ajudante de ordens do presidente, incorporado à tropa e enviado para o Rio de Janeiro.